domingo, 10 de maio de 2009

Filha da mãe... aquela.

Aos vinte e um ela se apaixonou por um homem(zinho) de vinte e dois , jornalista, sedutor e ateu. A família, protestante Batista, protestou claro. Tentaram de todas as maneiras impedir o que chamavam de desastre (namoro). Por não saber como vencer a família, ela se deu na calada da noite. "Engravidaram". Ela casou de véu e grinalda, que era seu sonho. Seu amado, todo feliz, de terno alinhado e uma espingarda engatilhada em suas costas.
Praga de mãe pega! O casamento foi um desastre como profetizou minha avó.
Mal eu nascia e ela já estava em pé-de-guerra. Seu amado com uma amante,e ela com outro, o álcool. Numa das tentativas de reconciliação, plantaram mais uma criança. Ele sumiu enquanto ela se afogava em lágrimas e cachaça. Como boa moça que era, foi "doar-se" aos marinheiros do Porto de Santos. E se perder de si e de nós.
Essa é minha mãe. O pouco que convivemos entre conflitos e dores deixou marcas profundas, hoje cicatrizadas, não esquecidas.
Hoje, nesse "tal" dia das mães, quero deixar meu carinho prá essa mulher que foi a mãe que me coube na vida. Apesar de tudo, me lembro dos seus olhos brilhantes e do seu sorriso (quando sóbria), me lembro também dos hinos que cantava lindamente me ensinando a abrir vozes, fazer duetos, nas poucas vezes em que aparecia para tentar se reconciliar com Deus e com a família.
Deus sabe de todas, todas as coisas.

Ninguém merece ser filho "daquela". "Melhor seria ser filho da outra", disse o Chico Buarque de Holanda e eu, digo: Sou filha dessa que nem sei por onde anda, onde mora, com quem vive... não sei nem mesmo se está viva, mas e para essa dedico meu amor mesmo que precário, desprovido de reservas e sem referências, mas um amor "aprendido" de perdão em perdão.

Feliz dia das Mães!

9 Comentários:

Anônimo disse...

Conheço a história melhor que ninguém,mais toda vez que é contada, com todas as dores uma coisa me chama a atenção, o amor que vc tem por ela, e vivendo ao seu lado sei que é muito verdadeiro.
Você é mãe também,amorosa,carinhosa,dedicada, presente e exerce o perdão como ninguém.
Vamos ser felizes e caminhar mais um dia, pois ser mãe não é só no segundo domingo de um mes, mais mamãe em tempo integral, pronta pra socorrer, confortar,conversar, tranquilizar,colocar as "nóinhas" nos devidos lugares, e hoje em dia fazer os netos rirem, e voce é assim.
Viva você, meu amor!!!
Tenha um dia feliz!!
Márcio

Anônimo disse...

Amiga e mana, eu e meu esposo não nos aguentamos e choramos diante do teu relato. Não de pena, mas de solidariedade na dor.
Eu fui deiixada numa calçada por aquela que me gerou, mas não teve coragem suficiente de me criar.
Louvado seja Deus por ter sido abandonada naquela calçada, pois dali fui para um lar abençoado. Hoje sou o que sou por Deus e pelos meus pais que ELE por sua graça, misericórdia e amor me concedeu.
Diante das suas palavras e do amor que tem pela sua mãe, eu ainda mais te admiro, e te acho ainda MAIS LINDA!
Eu não te disse uma vez que eras linda por dentro e por fora? Está aqui a confirmação!
Beijos, amo voce e senti uma baita falta de vir aqui.

carmen disse...

Mana das nuvens...
Que história mais triste e linda ao mesmo tempo, história de perdão, de abnegação... E como soube conta-la...

Linda, linda!!!

Leia lá no meu site o post que escrevi sobre a minha mãe:
"Pintando Pinturas" e uma reflexão sobre a Maternidade...

www.cronicasaoentardecer.com.br

Bjs comovidos

Lavrador disse...

Como você escreve bem, com a alma! E com perdão, que é o melhor!
mais um abraço!

Mônica Brandão disse...

Marcia, quando eu crescer, quero ter a coragem que você tem de perdoar as pessoas. Porque, sim, é preciso coragem para perdoar, coragem para enfrentar nossas neuras, coragem para seguir em frente sem ser a vítima, coragem para se encarar como vencedora. Obrigada pelo seu exemplo.
beijos
Mônica

Marlene Maravilha disse...

Um post cheio de coragem, amor e perdao!
Que podemos querer mais? Vi que aprendeste muito e foste aprovada pelo Pai!
Beijos querida, e digo-te: eu estou com saudades!!

Anônimo disse...

Que história de vida mais rica! Orgulhe-se dela!

Professor Rogério Souza disse...

Temos histórias maternas complicadas pelo jeito. As minhas nunca me marcaram profundamente, pois não deixei que permanecessem em mim. Serviram apenas para fazer de mim um pai melhor. Maus exemplos eu já os tenho para não seguir. Oro por você para que tudo isso seja lição e que não passe disso.

Edna Federico disse...

Márcia,,

É difícil dizer algo após ler seu relato...ainda mais pra quem teve a experiência de uma infância feliz e tranquila ao lado da mãe.
Não sei o que é esse sentimento, mas me solidarizo...tem marcas difíceis mesmo de apagar.
Beijo

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